top of page
  • Foto do escritorFilipe Starling

O que é a Não-Monogamia?



A não-monogamia é um tipo de acordo relacional que permite que os parceiros de um relacionamento possam interagir sexualmente com outras pessoas de fora da relação. Nunca na história tantas pessoas optaram por abrir mão conscientemente da exclusividade sexual nas relações amorosas, exclusividade esta que vem sendo a pedra angular dos relacionamentos desde a revolução neolítica, há cerca de 10.000 anos atrás.


São diversos os motivos que fazem um casal optar pela abertura do relacionamento, mas certamente o motivo mais comum é a busca pela possibilidade de ter experiências afetivo-sexuais variadas. Assim como gostamos de variar de comida de vez em quando, por que não gostaríamos eventualmente de variar de corpos também? Como bem ilustrou a socióloga Catherine Hakim: “Gostar de comer em casa diariamente não nos impede de ir ao restaurante de vez em quando.”


Monogamia de certa forma combina com monotonia. Muitos casais reclamam que a vida de casal, após algum tempo, acaba caindo na mesmice, numa rotina monótona e previsível. Abrir a relação pode trazer novos ares pra relação, tornando-a mais dinâmica e imprevisível, trazendo uma excitação há muito tempo esquecida. Segunda a terapeuta de casal Esther Perel, todo relacionamento precisa lidar com um importante paradoxo humano:



“De um lado, nossa necessidade de segurança, previsibilidade, proteção, dependência, confiança e permanência, todas essas experiências fundamentais das nossas vidas que chamamos de lar. Porém, temos também uma necessidade igualmente forte, homens e mulheres, por aventura, novidade, mistério, risco, perigo, o desconhecido, o inesperado e a surpresa.”



O casamento tal como conhecemos costuma atender apenas a primeira dessas duas necessidades fundamentais, trazendo muita segurança e previsibilidade. Abrir a relação pode ajudar a trazer o elemento da aventura e da novidade para dentro da relação. Com isso a vida sexual do casal tende a melhorar pois o desejo se fortalece na liberdade.


Não dá pra exigir do parceiro que sinta um forte desejo desde que seja somente por você. O desejo por definição é algo indomável. Assim como um passarinho selvagem que quando é colocado na gaiola perde muito do seu encanto, também o desejo perde muito da sua potência quando passa a ser domesticado pelo casamento.


O amor é um fenômeno que prospera na liberdade, na espontaneidade. O casamento monogâmico é uma tentativa de institucionalizar este amor, de torná-lo certo e garantido, colocando-o numa gaiola, mas isso acaba é sufocando e extinguindo o amor. Porque ou o amor é livre ou não é amor. Nesse sentido, amor livre é um belo pleonasmo. Se não há liberdade, não existe verdadeiramente amor.


Possessividade não é amor. Amor é quando eu digo para você assim: “sua sexualidade pertence apenas a você, faça o que quiser com ela.” O amor liberta... Se o amor te aprisiona de alguma forma, não pode ser verdadeiramente amor. Assim como o fogo precisa do ar, o amor também precisa da liberdade pra fluir, tem que ser um fenômeno espontâneo, tem que poder circular livremente pois ele ganha força na medida que pode pulsar livremente, sem as fronteiras rígidas e artificiais que a cultura monogâmica criou.

28 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page