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  • Foto do escritorFilipe Starling

Por que damos o dedo quando queremos ofender alguém?



Já parou pra pensar no porquê que mostrar o dedo médio se converteu num ato ofensivo? Afinal, o que que um dedo pode ter de tão ofensivo assim? Na verdade não é o dedo em si que é ofensivo, mas o que ele representa... E o que seria? Nada mais nada menos que o pênis. Os dedos dobrados representam os testículos e o dedo esticado representa o pênis ereto.


A questão que fica é: por que que o pênis ereto seria uma forma de ofensa? O fato é que tudo associado aos órgãos genitais acaba virando uma forma de ofensa, um palavrão. É por isso que chamar alguém de “escroto” também é uma ofensa, assim como chamar alguém de “pentelho”. Tem até uma piadinha sobre isso: “o pior inquilino é o espermatozoide, pois ele mora na casa do caralho, o prédio é um saco e os vizinhos da frente são um pentelho”.


A palavra “fuck”, que é utilizada em inglês pra se referir ao ato sexual, vem do alemão “fokken”, que significa bater. Em português, quando queremos ofender alguém mandamos essa pessoa “se fuder”. Daí deriva a utilização do nosso famoso “foda-se”, que de tão corriqueira já virou até título de livro. E a lista não para por aí... o elemento sexual aparece também em xingamentos como piranha, corno, veado, arrombado, boiola, vagabunda, filho da puta, vai tomar no cú, etc.


Todo esse antagonismo em relação à sexualidade acabou se estendendo aos órgãos genitais também. De acordo com o escrito Moacyr Scliar em seu livro “Manual da paixão solitária”, no hebraico antigo, tocar a própria genitália era vedado aos homens até na hora de urinar. Segundo o autor, “Na tradição judaica, o pênis já nasce impuro. Tanto que é preciso tirar um pedaço dele na circuncisão”.


Em inglês, por exemplo, é comum se utilizar a expressão "he is such a dick". Neste caso a palavra dick, cuja tradução oficial seria pênis, acaba ganhando o significado de "idiota" ou "babaca”. É comum usarmos os termos caralho ou buceta quando alguma coisa de ruim acontece, como por exemplo, quando uma pessoa tropeça e diz: “ai caralho” ou então “ai buceta”.


Em alguns lugares do Brasil é comum se utilizar a expressão “embucetada” para se referir a um estado de aborrecimento, raiva ou estar de mal com a vida, como podemos ver pela definição do dicionário: “Embucetada: pessoa enfezada, raivosa, desanimada com tudo e com todos. Exemplo: Maria acordou embocetada com João”.


A linguagem é um reflexo do psiquismo humano e como no ocidente a principal matriz de formação cultural é judaico-cristã, naturalmente desenvolvemos termos linguísticos que refletem o desgosto que sentimos pelo sexo e tudo que está associado a ele. Esses termos que citamos aqui representam o inconsciente coletivo da nossa sociedade e demonstram a relação negativa que sem perceber carregamos em relação ao sexo.


Foi para se contrapor a essa tendência de desqualificação da sexualidade que surgiu o movimento global chamado sex-positivity (sexopositividade), que luta pelo desenvolvimento de uma cultura sexual positiva no mundo. Segundo a ativista Allena Gabosch, sexpositivity é “uma atitude em relação à sexualidade humana que considera todas as atividades sexuais consensuais como fundamentalmente saudáveis e prazerosas, encorajando o prazer sexual e a experimentação

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